quinta-feira, 8 de maio de 2014

O porquê do Prêmio Líder Comunitário Canoense!

Faz certo tempo que - fruto da minha experiência de vida e das leituras de um razoável número de pensadores das diversas ciências humanas e sociais com suas virtudes e limites - tive a intuição de compreender as pessoas, enquanto opção de vida, em três grandes categorias: (1) os que ocupam todo seu tempo e suas energias vitais com eles próprios: egoístas e individualistas não repartem com ninguém a não ser com eles mesmos os frutos do seu trabalho e o capital humano que possuem; (2) os que vivem toda sua vida no feixe de relações com suas famílias e ampliam para as tradições das mais variadas origens: cuidam de si e são solidários com suas famílias e com quem esta se relaciona (os amigos, a religião, o clube ou outra organização social); e, (3) os que se compreendem um nó de relações em seu meio: não dosam o seu tempo e suas energias vitais no cuidado de si, de suas famílias e seu leque de relações, ampliando sua solidariedade com as demais pessoas ou organizações sociais de seu meio.

Esta tipologia, atualmente, pode ser observada tanto no campo como na cidade, entre os mais ricos e os mais pobres, não importando o gênero, a religião, a etnia, a escolaridade ou a idade (desde que tenha condição de pautar sua vida com relativa liberdade). Não pretendo desmerecer as influências das ideologias, em especial do mercado, nem a sedução das propagandas e das pregações de qualquer ordem. 

A liderança comunitária, estudantil, social, política ou econômica, qualquer que seja o segmento ou a abrangência que se queira, também perpassa estas três categorias. Sua constatação está na forma que se dá o exercício desta liderança. Percebo uma tendência que a maioria das lideranças se enquadra na segunda categoria, tendo pequenas parcelas na primeira e na terceira. Evidente que do ponto de vista da condição de cidadania política, enquanto ação de participação ampliada na esfera da sociedade civil e política, para além do direito legal de votar e ser eleito, a primeira categoria, a dos que “se bastam a si mesmos” é a mais estreita e precária. A terceira, a do “nó de relações solidárias” é a mais ampla possível. O critério fundamental de compreensão pende mais para a qualidade das ações do que de sua quantidade. Tenho constatado que fatos e acontecimentos pessoais e/ou sociais marcantes podem deslocar determinada pessoa de uma para outra categoria.

Ao tomar a decisão de instituir o Prêmio Líder Comunitário Canoense, através do Decreto Legislativo 02/2010, aprovado pela unanimidade dos vereadores, fiz questão de observar que o mesmo deva ser conferido na semana do dia Municipal da Líder Comunitário, de iniciativa do colega vereador Dário Silveira. O Decreto de minha iniciativa estabelece que os homenageados com o prêmio devam ter realizado “iniciativas de relevante mérito e reconhecimento da comunidade”, através de (1) “ações de impacto social em uma ou mais das inúmeras organizações comunitárias na cidade”; (2) “merecido destaque público de suas iniciativas em boletins, jornais, periódicos, rádios, televisão, internet e/ou outras formas de divulgação e comunicação”; (3) “tenham se destacado nas lutas comunitárias, pelo menos, em uma das áreas fundamentais da vida cotidiana: saúde, trabalho, habitação, segurança, educação, meio ambiente, cultura, esporte, lazer, alimentação, pessoas com deficiência, religião e outras”.

Quem tem a competência de indicar as lideranças comunitárias a esta homenagem são todas as bancadas, garantido assim a pluralidade partidária delegada pelos cidadãos canoenses em cada pleito. Esta honraria, a partir de 2012, passou a materializar em sua nomenclatura, um líder comunitário do movimento das ocupações da década de oitenta e liderou a fundação da UAMCA: Clésio Aires de Oliveira!

Ivo Fiorotti, vereador, teólogo, pós-graduado em ciências políticas e mestrando em Memória Social pelo Unilasalle.

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